Somos todos vulneráveis! Como usar isso em nosso favor?

Última atualização em setembro, 2020

Certamente, falar em vulnerabilidade é algo que nos traz desconforto! Isto porque fomos educados a esconder nossas emoções e, dentre elas, especialmente o medo e a fragilidade! Definitivamente, sentir que estamos vulneráveis é algo com o qual não sabemos lidar!

Homem sem rosto olhando sua face entre suas mãos
Imagem de Comfreak por Pixabay

Com efeito, alguns comem para sentir algum conforto, outros ficam obcecados com notícias ou se viciam em algo que, simplesmente, anestesie esta sensação desagradável! Você já se sentiu assim: exposto, frágil e vulnerável de alguma forma? Vamos refletir de que forma isto pode nos fortalecer?

De fato, todos nós temos dificuldade para admirar o belo, estamos tão viciados no aperfeiçoamento que somos incapazes de olhar algo e deixá-lo como está. Por um lado, há um aspecto muito bom nisso: a vontade de conquistar mais, aprender e enriquecer as coisas. Por outro lado, perdemos a capacidade do contentamento e da simples observação distanciada, ou seja, da contemplação no seu mais profundo significado das coisas.

A beleza das coisas existe no espírito de quem as contempla. David Hume

Assim, nosso olhar está tão viciado na competição que, por vezes, precisamos rebaixar o outro para nos sentirmos seguros. Em certos momentos precisamos deixar o outro refém de nossa aprovação para que possamos nos sentir empoderados.

A necessidade de dominar para disfarçar o medo

Nesta dinâmica empobrecida, orientada pela avareza, acreditamos que só há segurança se nos sentirmos no poder. Ou seja, dominando e “dando as cartas”. Entretanto, não percebemos que nesta postura acabamos vivendo também reféns desta lógica. Isto é, sempre na defensiva, com medo, esperando pelo pior.

Na minha experiência de vida, o lugar em que mais eu penso sobre a vulnerabilidade é na escola! Ou seja, na primeira experiência que temos de sociedade, de convívio social e, também, de poder e dominação! Neste sentido, eu já vi os dois lados: como aluna e também como professora!

Apesar da mudança dos tempos, a escola se atualizou muito pouco para refletir o mundo em que vivemos hoje! Antes, a escola era o lugar da formação e da informação e éramos ensinados a respeitar. Inclusive, muitas vezes, sofríamos diferentes tipos de abusos emocionais na escola por parte dos professores e mesmo dos colegas de escola. Afinal, quem nunca sofreu com o bullying? Ou então, com aquele professor autoritário que se impunha na base do terror? Neste sentido, eu aprendi a mascarar meus medos e usar estratégias para viver nesta sociedade em que manda quem pode e obedece quem tem juízo! Leia também SENTIR para curar: o caminho de retorno à sua Essência!

Definitivamente, somos todos vulneráveis!

Nos meus anos de docência eu percebi que os meus modelos referenciais não me serviam na prática! Afinal, respeito foi uma palavra que foi perdendo seu efeito ao longo dos anos! E, quando eu era professora eu não queria me impor pelo medo, mas sim na base do diálogo, estratégia que funcionou em seletos locais! Então, notei que, muitas vezes, a agressividade dos alunos refletiam sua forma de expressar o medo, a rejeição e a raiva! Assim, passei a enxergar em muitos deles emoções que eles não sabiam lidar!

De fato, nunca vou esquecer de um menino que aterrorizava minhas horas de trabalho e com o qual eu dialoguei incansavelmente! Aos poucos, acredito que meu discurso fez algum sentido para ele e ele foi mudando. Este menino tinha no máximo 10 anos, então, ao ver a mãe do garoto no portão da escola eu me dirigi a ela docemente: “Você é mãe do Mateus?”

Então, a mulher fechou a cara e me respondeu: “O que ele fez dessa vez?” Ao lado dela, estava o menino que empalideceu diante da conversa! Naquele momento, eu vi uma enorme oportunidade: diferentemente dos outros professores da escola, que tratavam o menino como um problema, eu elogiei o garoto!

Nesta oportunidade, eu ressaltei que ele estava muito mais educado nos últimos tempos (o que era verdade!). Então, a mulher fez uma cara de surpresa, com medo de acreditar, mas gostando da novidade! E, eu nunca mais tive problemas com o menino! De alguma forma, ele gostou da diferença do meu tratamento e, dali por diante, fazia mais para que eu o elogiasse publicamente! Leia também Rótulos para produtos, não para pessoas! Quem é você para você?

Nosso maior medo pode ser nossa maior força!

De modo interessante, uma vez uma terapeuta me perguntou: qual você acha que é o nosso maior medo? E eu, sem pensar muito, respondi: “o medo da morte!” Sabiamente, ela me olhou nos olhos e respondeu: “Na verdade, nosso maior medo é de não sermos amados!”

Neste ponto também se revela nossa maior vulnerabilidade: o medo da rejeição, de sermos insuficientes, defeituosos ou falhos! E, a maior angústia que eu tinha enquanto docente era ver colegas taxarem alunos como burros, preguiçosos e incapazes! Isto porque eu sabia que aqueles rótulos podiam definir comportamentos que seriam muito difíceis de mudar no futuro.

Sem dúvida, o maior aprendizado que tenho da minha experiência como docente é o poder das palavras! Como é incrível quando você vê uma escola inteira rotular um aluno e quando você está diante dele e o trata com respeito, ele muda e você vê possibilidades diferentes para aquele jovem! Nesta oportunidade, percebi como nosso maior medo pode ser também nossa maior força! Somos todos vulneráveis e quando paramos de fugir e enfrentamos o que nos assusta, ganhamos a primeira batalha! Qual a potencialidade que seu medo esconde? Você já parou para refletir a respeito? Leia também VOCÊ tem MEDO de quê? Você sabe quem sabota seus sonhos?

O poder está na vulnerabilidade

No famoso TED O poder da Vulnerabilidade, Brené Brown nos fala algo que soa estranho aos nossos ouvidos, acostumados com a “segurança” da guerra, da competição e da dominação. Afinal, como pode haver poder na vulnerabilidade?!

Só há uma forma, admitindo que TODOS somos vulneráveis e que esta condição nos iguala enquanto seres humanos. Desta maneira, não há pessoas melhores ou piores, existem histórias, muita dor, muito sofrimento e muito aprendizado. Mas, de uma forma ou de outra, todos somos vulneráveis!

Neste sentido, a sua experiência é apenas isso, SUA. Não há ninguém melhor e ninguém pior, existem aprendizados de diferentes níveis e possibilidades, perfeitos para cada um de nós. Desta forma, deveríamos nos concentrar muito mais no nosso aprendizado! No máximo, compartilhá-lo pode ser interessante de alguma forma, mas jamais apontando, julgando ou querendo ser mestre dos outros. Se conseguirmos desenvolver a maestria dentro de nós mesmos já terá sido um enorme feito.

Ser guerreiro não exige perfeição. Ou vitória. Ou invulnerabilidade. Um guerreiro é vulnerabilidade absoluta. Essa é a única coragem de verdade… A vida é uma escolha. Você pode escolher ser uma vítima ou qualquer outra coisa que deseje. Um guerreiro age e um tolo reage. Não há começar e parar. Apenas fazer! Filme O poder além da vida

Em outro artigo já recomendei este filme que é valioso, traz muitas reflexões sobre nossa relação conosco e com nosso propósito de vida: O poder além da vida!

Seja mestre de si mesmo!

Podemos sim ajudar outras pessoas com um olhar carinhoso, um ouvido atento, talvez até compartilhando nossa própria vulnerabilidade, porque isso aproxima, aconchega, dá sentido de pertencimento. Mas se quisermos nos sobrepor ao outro, demonstrando como somos fantásticos, já teremos nos perdido de nossa Essência e estaremos construindo um falso eu, apenas para impressionar o vizinho.

Todos estamos matriculados na escola da vida, onde o mestre é o tempo. Cora Coralina

Por outro lado, se você é aquela pessoa suscetível ao externo, concentre-se em você! O mundo nunca lhe dará o reconhecimento e aprovação que você deseja, estas são habilidades internas! Portanto, olhe para dentro, agradeça suas experiências, valorize o seu aprendizado e lembre-se que cada um de nós é único e isso nos faz responsáveis por nossa jornada por aqui.

Então, empodere-se em sua maior vulnerabilidade, aprenda a criar uma base de sustentação para si mesmo com muita auto-compaixão e respeito por si mesmo! Para tanto, lembrar que somos todos vulneráveis é uma grande movimento, porque você aprende a respeitar sua história e também a do outro! De tal modo, o mantra somos todos vulneráveis te lembra que não é preciso se sobrepor a ninguém, todos temos os nossos pontos altos e baixos! Com efeito, não existe perfeição, nem sucesso absoluto! E, saber reconhecer isso é uma grande ferramenta de empoderamento!

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    Sobre Gisele Mendonça

    Cientista social e mestre em sociologia, com experiência na área educacional. Desenvolvi trabalhos em ambiente escolar, com crianças e adolescentes, trabalhei também na formação de gestores públicos, no formato presencial e em capacitações em Ambiente Virtual de aprendizagem, o que me inspirou a acreditar no potencial do Ensino à Distância! Atuo como curadora de conteúdos de autoconhecimento e autodesenvolvimento! Além disso, escrevo artigos para Bee Family: Um lugar para pais e mães inspiradores, que desejam educar seus filhos a partir do seu processo de autoeducação! 
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