Validação Externa X Acesso ao coração: uma velha batalha!

Última atualização em setembro, 2020

De início, convido aqui para refletirmos sobre nossa necessidade de validação externa. Isto é, queremos nos sentir amados, desejados, notados e incluídos. Na verdade, trata-se praticamente de uma necessidade humana de pertencer, de fazer parte do grupo, como animais gregários que somos!

Desta forma, por menos que se admita ou pareça, em alguns casos, é isso o que nos move. E para isso, muitas vezes, nos distanciamos de nossa Essência, do que nos faz únicos e especiais, do que estou chamando aqui de “acesso ao coração”. Por ventura, você já se sentiu na contramão do mundo? Já experimentou uma sensação de desconexão externa? Vamos refletir um pouco mais sobre esta necessidade de pertencer e esta sensação de estar “fora”?

validação - foto de coração no céu
Imagem de Vlad Ymyr por Pixabay

Necessidade de integrar luz e sombras para nossa própria validação!

Por muito tempo refleti a respeito da questão do mérito e pensava que era preciso lutar para merecer, para conquistar o direito de um lugar ao sol. Leia também Merecimento: você já parou para pensar se realmente merece? Hoje, vejo que palavras como luta não fazem o menor sentido quando estamos refletindo sobre como ser mais feliz. Por isso, acredito na busca por aprimoramento pessoal, mas isto só pode ser feito numa condição de paz interna! Ou seja, com a integração entre luz e sombras, enquanto seres inteiros que possuem qualidades e defeitos.

Não há despertar de consciência sem dor. As pessoas farão de tudo, chegando aos limites do absurdo para evitar enfrentar a sua própria alma. Ninguém se torna iluminado por imaginar figuras de luz, mas sim por tornar consciente a escuridão. (in A Prática da Psicoterapia) Carl Jung

Desta forma, percebo que muitas vezes a necessidade de pertencer nos faz esconder nosso lado mais sombrio, porque foi assim que aprendemos que era o “certo”. Em algum momento, fomos condicionados a pensar que era preciso esconder nosso “lado feio” do mundo para que as pessoas nos amassem por nossas qualidades! Então, tratamos de esconder nossas emoções embaixo do tapete e ficamos rezando para que elas não tentem fugir de lá!

Aprendendo com nossas emoções!

Contudo, nossas emoções insistem em aparecer para mexer com a gente, nos tirar da aparente zona de conforto e nos mostrar que temos um coração e é preciso olhar para ele! Neste sentido, recomendo muito o filme Duas Vidas que nos traz exatamente este conflito exposto acima!

Em muitos momentos da vida, somos convidados e, em outros, somos convocados a olhar para estas partes que escondemos, este lado sombra que tanto tememos. Contudo, a integração de nossa Luz e nossa Sombra pode ser uma enorme oportunidade de empoderamento pessoal! Vale a pena ler também EGO ou CORAÇÃO: quem você escuta mais constantemente na sua vida?

Assim, não precisamos nos envergonhar de nossa sombra, devemos sim olhá-la com respeito e reverência. Afinal, ela nos traz os aspectos que precisamos trabalhar para serem melhorados! Logo, não SOMOS nossa Sombra e também não SOMOS nossa Luz! Na realidade, somos esta mistura de luz e sombras e quando buscamos integrá-las, estamos no caminho de reconhecimento do ser Divino que somos! Para tanto, é preciso aprender a validar-se, exercer consigo mesmo uma enorme compaixão que transborde em integração!

Acessando o coração: validação interior!

Neste sentido, a validação é muito mais interior. Talvez, seja clichê, mas realmente é fato: apenas quando nos amarmos seremos capazes de conquistar isso externamente. No entanto, amar a si mesmo não é algo que aprendemos em casa ou na escola. Na verdade, é algo que vamos aprendendo ao longo da vida se nos dispusermos a isso. Li, ou melhor, devorei o livro da Laura Gutman A Maternidade e o encontro com a própria sombra, nele ela comenta a respeito da importância da validação materna ou dos cuidadores.

Sendo assim, achei muito interessante o que ela aponta como uma dissociação entre pensamento e sentimento. Afinal, sabe quando a criança cai, se machuca, chora e o adulto solta a clássica: “Não foi nada, não precisa chorar!” Então, neste momento, ele deixa a criança confusa, porque ela está sentindo a dor de cair e ao ouvir que não foi nada, ela não entende o que está sentindo! Aliás, a autora destaca a importância da mãe / cuidadores, nesta perspectiva, de fazer uma validação dos sentimentos da criança! Afinal, é o adulto que nomeia as coisas e traduz o mundo para o bebê / as crianças.

Desta forma, eu pergunto provocativamente: Você nomeia seus sentimentos? Por acaso, coloca a mão no coração e pára para saber, assimilar o que está sentindo? Ou traz a razão para ditar o que deveria sentir e como deveria se portar? Vale a pena assistir um vídeo de 2 min “CNV com Tiago Bueno – Abraçando a Sombra”

Estar presente para sentir!

De fato, vivemos sob os ditames de nossa mente que mente! Leia também Descubra as mentiras que sua mente conta para você constantemente! Com efeito, ela vive no passado, revisitando momentos de mágoas, fazendo julgamentos! Ou então, fica antecipando o futuro, traçando os piores cenários. Assim, quando nos falam em estar PRESENTE, isso é quase ininteligível! Neste momento, estou lendo “O poder do Agora” de Eckhart Tolle e me identificando totalmente com o diagnóstico de uma mente incessantemente falante. Isto porque, tenho uma imensa dificuldade de me conectar com o momento presente.

Perceba profundamente que o momento presente é tudo que você tem. Faça AGORA o foco principal da sua vida. Conhecer a si mesmo como a consciência por trás da voz é a liberdade. Eckhart Tolle

Então, quantas vezes ficamos com medo de nossas feridas e o que mais fazemos é revisitá-las e nos identificarmos com elas novamente?! Ao invés disso, poderíamos curá-las através de sua ressignificação, olhá-las como grandes lições em nossa jornada! Em outras palavras, ficamos horas remoendo mágoas, acontecimentos desagradáveis e perdendo um tempo precioso do presente! Já, em outros momentos, nos perdemos imaginando um futuro catastrófico, traçando cenários desastrosos e nos permitindo sermos consumidos por uma ansiedade desnecessária.

Todavia, o desafio é muto mais simples: viver o presente! Desta maneira, é preciso deixar que as coisas simplesmente aconteçam da forma que precisam acontecer. Com isso, fazer o nosso melhor e ficar em paz! Afinal, não é possível controlar o passado e nem mesmo o futuro! Então, o mais sábio seria nos permitir viver a vida como ela se apresenta, colocando-nos no papel de aprendizes sábios e observadores atentos!

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    Sobre Gisele Mendonça

    Cientista social e mestre em sociologia, com experiência na área educacional. Desenvolvi trabalhos em ambiente escolar, com crianças e adolescentes, trabalhei também na formação de gestores públicos, no formato presencial e em capacitações em Ambiente Virtual de aprendizagem, o que me inspirou a acreditar no potencial do Ensino à Distância! Atuo como curadora de conteúdos de autoconhecimento e autodesenvolvimento! Além disso, escrevo artigos para Bee Family: Um lugar para pais e mães inspiradores, que desejam educar seus filhos a partir do seu processo de autoeducação! 
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