Maternidade: busca por perfeição gera solidão! E agora?

Última atualização em setembro, 2020

Atualmente, vivemos a guerra fria da maternidade, rs! Neste sentido, a mãe foi colocada como bode expiatório para explicar tantas coisas e tantas teorias rondam a maternidade! Desta forma, eu sinto que há uma correlação entre maternidade e perfeição! Agora que vivemos a era da informação, é como se tanto conhecimento pudesse formatar a mãe perfeita!

Neste sentido, há uma militância que envolve a mãe e isso fica explícito quando te perguntam: foi parto normal ou cesárea? Você amamenta ou usa mamadeira? Por acaso, seu bebê usa chupeta? E, por aí seguem várias e várias escolhas que rondam o universo materno e as teorias da maternidade recoberta de perfeição!

Gota d'água - maternidade
Imagem de Arek Socha por Pixabay

Com efeito, este post não é para fazer apologia a nenhum dos lados! Mas sim para trazer consciência à dureza destas posturas! Isto porque, elas enrijecem ainda mais o desenvolvimento de um papel que, por si só, já traz tanto “peso” social.

Maternidade e perfeição: um grande peso social

De fato, nunca gostei de associar a imagem da mãe a esta coisa pesada, sofrida, praticamente um fardo. Mas tenho refletido bastante e sentido na pele que, às vezes, pesa. Na verdade, não pela minha filha, mas pela sociedade machista, pela busca de perfeição para seguir o modelo X ou Y. Além disso, pela própria mentalidade construída em torno da figura materna e, SOBRETUDO, pela minha autocobrança feroz. Ou seja, o meu profundo medo do meu melhor não ser suficiente! Leia também Perfeição e perfeccionismo como ferramentas de autocobrança!

Neste sentido, vivemos uma era abençoada, a era do conhecimento! Com isso, temos acesso à tantas informações, que fica difícil alegar ignorância às decisões que tomamos em relação aos nossos filhos. Já, nossas mães não tinham tantos recursos e, claro, fizeram o melhor com os instrumentos que tinham: gratidão extrema, mãe! Porém, nós temos o Google, o Youtube e uma infinidade de especialistas defendendo essa e aquela teoria, fica até difícil escolher!

Desta maneira, adoro o trabalho da Clarissa Yakiara e quando ela diz que: educar um filho é, em primeiro lugar, se auto educar! Sinceramente, acredito muito nisso! Isto porque, não fomos ensinadas a lidar com nossas emoções! E este é o grande convite da maternidade! Ou seja, o primeiro passo quando o assunto é educação é lidar com nossas emoções. Afinal, não dá para ensinar o que não praticamos! Leia também Pedidos deslocados: as consequências das necessidades não atendidas

Acolhimento ao invés de julgamento

Por isso, acho fundamental trazer à tona o sentimento de solidão que ronda a maternidade e acredito que tenha a ver com esta idealização de perfeição! Além disso, acredito que ele aconteça muito por conta desta militância radical que segmenta e exclui, compara, julga e segrega! Inclusive, dou minha mão à palmatória aqui, porque em milhões de momentos eu observo criticamente as mães que fazem coisas diferentes das quais eu acredito que seriam ideais na maternidade.

Sob este prisma, acho que temos um entendimento torto como se quando julgássemos nos afastássemos da culpa que nós mesmas sentimos. Ou seja, pensamos que quando apontamos o “erro” da outra, tiramos o foco do nosso próprio e gigantesco medo de errar!

Inclusive, acho que é aí que está a chave do problema! Afinal, ninguém quer ser julgada e quando julgamos o outro, já estamos julgando a nós mesmas! Deste modo, exaustas pela pressão social, pelo peso da imagem sacro santa da mãe, pelos inúmeros modelos e receitas de como educar nossos filhos… Estamos estafadas! Leia também Maternidade: a intensidade de sentir! Como redescobri minha vida!

Mais que troféu, merecemos olhares amorosos!

Recentemente, assisti um TED maravilhoso sobre o quanto, por vezes, o papel de mãe é exaustivo! E, olha que esta declaração vem de uma atleta profissional! São 8:05 de um relato incrível de Karen Jonz. Neste relato ela menciona que sua preparação como atleta fica muito aquém do cansaço que a maternidade lhe exige! Isto porque não se trata só de um cansaço físico, psicológico, emocional e energético, ainda existe o peso social!

Apesar disso, não recebemos troféu! Geralmente, recebemos algum julgamento ou alguma classificação entre “direita” e “esquerda”, rs. Desta maneira, acredito muito, muito mesmo, no poder do conhecimento! Isto é, na busca por informação e confesso: sou viciada no Youtube, rs! Mas é preciso dar uma trégua às mães, olhar a TODAS com olhos mais amorosos e compassivos, porque apenas podemos curar através do amor! Enquanto, julgamentos só disseminam o ódio e a exclusão, somente o amor e a compaixão integram!

Por isso, acredito que o primeiro olhar amoroso que precisamos dirigir é a nós mesmas todos os dias no espelho de manhã! Ainda que descabeladas, cansadas pelas várias interrupções de sono, sentindo o corpo exausto por necessidades não atendidas e tantas questões internas mal resolvidas… Nestes momentos, devemos nos olhar e saber que somos muito especiais, apesar de não estar na capa da revista ou sendo um estereótipo de sucesso social!

Então, nosso valor não está na marca da roupa que vestimos, na imagem magérrima da capa da revista, mas está na coerência do que fazemos com nossa vida! E, na minha experiência pessoal, o meu valor está no alinhamento entre o que eu penso, sinto e faço como exemplo cotidiano que ofereço para minha filha!

O amor tem vencido na sua vida?

Neste sentido, gosto muito da fala do padre no meu casamento. Sabiamente, ele propôs uma reflexão sobre as guerras que travamos em nosso cotidiano! Então, sugeriu que nos perguntássemos ao final: O amor venceu? E, a conclusão óbvia, mas necessária de enaltecer é que: Não tem sentido vencer uma discussão de palavras, quando o amor ficou ausente!

Da mesma forma, se olharmos direitinho, todas as crianças emanam amor! Mas precisamos estar mais receptivas para olhar o filho das outras como nosso filho! E, assim, cuidar de todas as crianças com o mesmo amor e respeito, acima de qualquer ideologia, opinião ou julgamento. Leia também

É preciso uma aldeia inteira para educar uma criança. Provérbio Africano

Com efeito, se ao invés de julgar outras mães, estivéssemos empaticamente buscando olhar para o filho delas como olhamos para os nossos, estaríamos muito mais unidas! Então, acredito que esta integração precise partir do nosso próprio olhar para nós mesmas e expandir em outras direções! Ao menos, este é o exercício que tenho trabalhado comigo mesma na minha experiência de maternidade sem perfeição!

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    Sobre Gisele Mendonça

    Cientista social e mestre em sociologia, com experiência na área educacional. Desenvolvi trabalhos em ambiente escolar, com crianças e adolescentes, trabalhei também na formação de gestores públicos, no formato presencial e em capacitações em Ambiente Virtual de aprendizagem, o que me inspirou a acreditar no potencial do Ensino à Distância! Atuo como curadora de conteúdos de autoconhecimento e autodesenvolvimento! Além disso, escrevo artigos para Bee Family: Um lugar para pais e mães inspiradores, que desejam educar seus filhos a partir do seu processo de autoeducação! 
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