Então, depois de 3 anos sem escrever, estou de volta ao Conexão Profunda! Senti de voltar aqui para escrever e me encontrar com uma parte tão importante de mim! Neste espaço, eu posso organizar, refletir e compartilhar o que tenho vivido e aprendido nos últimos tempos!
Nestes últimos 3 anos, estive muito mobilizada emocionalmente! Na verdade, posso resumir tudo em um único evento: voltar para o interior de SP ou voltar para as raízes! Claro, foi uma decisão minha e da família que construí, cheia de aspectos lógicos e racionais, mas eu nem imaginava o quanto ela mexeria com meu emocional!
Assim, como diz a linda música Mundança de Flávio Leandro e Elmo Oliveira na voz de Marina Aquino tudo se balança mesmo!
Quando eu mudo, o mundo muda, cai na minha dança
Se eu mexo no meu mundo, o resto se balança
Muda tudo, o tempo todo feito uma criança
O que não muda nesse mundo é somente a mudança
De volta ao interior, eu percebi que meus fantasmas emocionais adormecidos despertaram com muito mais força do que eu julgava possível! De fato, eles me assombraram durante estes 3 anos de silêncio no Conexão Profunda, porque eu senti uma desconexão profunda! Inclusive, muitos aspectos que eu julgava superados, voltaram numa espécie de “fase 2” do jogo da vida! Desta forma, ficou claro como nossos aprendizados realmente acontecem em espiral, passamos por lugares parecidos, mas com uma consciência diferente!
Neste sentido, me surpreendeu muito como o cenário pode ser tão significativo. Ou seja, como o lugar pode afetar tanto a nossa vida e nossas percepções, mexendo tanto com a gente! Durante este tempo, eu briguei com meus sentimentos, depois briguei com o que percebia não gostar no ambiente. Agora, de volta ao Conexão Profunda, quero escrever para parar de brigar! Eu quero, simplemente, ocupar o meu lugar no Aqui e Agora! Por isso, voltar para o Conexão Profunda representa voltar para mim mesma, ter voz e vez na minha vida, voltar a ter poder de atuação ao invés de ser refém de dores do passado!
Aceitar é diferente de se conformar!
De algum modo, eu parei de escrever aqui, porque não sentia que tivesse algo para compartilhar. Depois da pandemia eu senti uma exaustão de receitas, fórmulas e cursos! Ou seja, senti uma desilusão de filosofias ou crenças. Mas isso também me deixou à deriva e não gosto de viver assim! Com certeza, eu sou uma pessoa que gosta de ter objetivos, filosofias inspiradoras de vida, eu posso até mudar de opinião, mas não gosto de ficar “morna” diante da vida!
Entretanto, meus próprios processos emocionais andaram me consumindo tanto que não sobrou energia para escrever e compartilhar… Por isso, eu senti que precisava reunir forças dentro de mim para lidar com todos os desafios que surgiram! E mais, notei que para isso eu precisava “parar de brigar” e aceitar!
Na minha vida, em muitos momentos, a persistência e determinação me tiraram de situações complicadas. Mas eu descobri que essas características intensificadas me enrijecem, me levam para o perfeccionismo, algo que já analisei aqui: Perfeição e Perfeccionismo como ferramentas de autocobrança. Agora, percebo claramente quando insistir num caminho é resistir, no sentido pejorativo! Quanto é preciso deixar fluir, passar, aceitar! Quando a gente se conforma, adota uma postura de desistência. Mas quando a gente aceita, para de brigar com o acontecimento e passa a agir na parte que nos cabe!
Autorresponsabilidade e Aceitação
Neste sentido, aceitar é empoderador e sábio! Eu paro de reclamar, me vitimizar, lamentar e foco na ação! Deste modo, aceitar é dizer ok, temos isso no cardápio, o que vamos escolher?! É assumir isso! Assim, hoje me deu muita vontade de escrever! Apesar de outros artigos tratarem de temas parecidos, sinto que quando escrevo, eu trago força para o meu próprio caminhar nesta direção!
De fato, em alguns momentos, eu senti desânimo de escrever e estar sendo mal compreendida, sabe?! Hoje em dia, tudo parece passar por lentes de distorção e me dá medo que minhas palavras não sejam suficientemente claras. Contudo, estou aprendendo que cada um precisa se responsabilizar pela sua parte! Isto é, a minha de escrever – da melhor forma que eu puder; a sua de compreender – da melhor forma que te acrescentar!
Hoje, eu sinto que me responsabilizo pela minha humildade em perceber que o que eu escrevo é mais útil pra mim! Claro, se te acrescentar em algo, ficarei muito feliz por ter sido útil! Mas se não te fizer sentido, o importante é que pra mim faz e muito! Isso me nutre imensamente o coração: transbordar palavras de sabedoria que me trazem clareza ao meu próprio processo!
Merecimento: um engano
Nos últimos 3 anos, eu me vi vivenciando demais desafios relacionados aos conceitos que trabalhei por aqui: merecimento, suficiência e plenitude! Ah, como essa história de merecimento pode nos perturbar! No momento, eu acho que merecimento está muito relacionado à julgamento, avaliação. De fato, nós temos muita dificuldade para simplesmente aceitar o que acontece. Por isso, ficamos como crianças reclamando da nota na escola: “Nossa, mas fulano não merecia isso ou beltrano merecia muito mais!”
Infelizmente, fica cada vez mais evidente que as pessoas usam esta palavra “merecimento” para reclamar de algo e não para validar alguém! Acho que diante das tragédias que vimos nos últimos tempos já não dá para falar em merecimento! A melhor postura, me parece, aceitar a nossa ignorância diante dos destinos!
Em suma, a vida tem seus caminhos, algumas coisas podemos trabalhar, evoluir e aprender. Contudo, em muitos momentos, nos resta “calçar a sandalinha da humildade” e ACEITAR que nem tudo a gente vai entender! E nos resta seguir adiante…
Portanto, hoje eu acho que buscar merecimento é um engano! O “merecimento” é uma ilusão plantada socialmente para justificar desigualdades e religiosamente para manter o poder de poucos sobre muitos! Desta maneira, acredito em cada um fazer a sua parte, o melhor de si! Neste sentido, tenho olhado para meus privilégios com gratidão e buscado fazer o bem! Mais do que buscar merecer, acho importante ter consciência dos privilégios e usá-los para desfrutar a vida com sabedoria, gratidão e generosidade!
De volta ao Conexão Profunda: Ocupar o meu lugar não pesa!
Muitas vezes eu saí do meu lugar! Isto é, eu julguei o outro ou tomei para mim responsabilidades que não me cabiam. Infelizmente, eu sei que sairei novamente, porque é muito tentador fugir, achar que posso salvar a pátria. Ou mesmo, me vitimizar diante do que tenho dificuldades de aceitar! Mas, estou voltando AGORA para o Conexão Profunda, porque aqui é o meu lugar para refletir, para processar a vida e descobrir seus aprendizados!
Recentemente, descobri na prática como ocupar o nosso lugar traz leveza! Não é preciso carregar o peso do mundo nas costas! Isso não significa deixar de assumir nossas responsabilidades, inclusive, no coletivo. Mas é preciso sabedoria para ocupar o nosso lugar DE FATO! Para observar os nossos limites e contornos e ter clareza do que é saudável e o que nos faz mal!
Portanto, de volta ao Conexão Profunda, pois este é o meu lugar de me encontrar e transbordar o que me habita. Assim, permito que as palavras fluam e revelem o que é importante que eu transmita! Que venham mais textos, mais reflexões e que o caminho seja mais pelo amor do que pela dor! Apenas quem admite que se perdeu, pode encontrar o caminho de retorno para dentro de si! Por último, deixo esta linda canção de Mariana Nolasco Transforma(dor) que me traz alegria, leveza e esperança:
Confia, confia
Que o aperto aí no peito
Vai mudar de cor
E a agonia vai embora
Quando eu acolho esse terror
Transformador, transformo a dor
Em toda forma que houver de amor
Transfomador, transformo a dor
Em toda forma que houver de amor
Gratidão por sua leitura! Namastê!