Perfeição e perfeccionismo como ferramentas de autocobrança!

Última atualização em setembro, 2020

De antemão, convém esclarecer que a ideia de perfeição ou o perfeccionismo, por muito tempo, representaram um objetivo de vida para mim! Aparentemente, eles garantiriam um profundo comprometimento e dedicação de minha parte. Assim, eu me sentiria merecedora! Ou seja, perfeição e perfeccionismo funcionavam quase como um estilo de vida, uma estratégia para ser bem sucedida!

Por acaso, você já se sentiu precisando de conserto? Ou então, querendo ser melhor para se sentir amada e validada externamente? Em outras palavras, sabe aqueles quadros de transformação que sempre fazem sucesso em programas populares? De algum modo, por muito tempo, acreditei que precisasse da perfeição e que o perfeccionismo fosse um status de valor!

Imagem de IgorSuassuna por Pixabay

Amigo, não seja um perfeccionista. Perfeccionismo é uma maldição e uma prisão. Quanto mais você treme, mais erra o alvo. Você é perfeito, se se permitir ser. Amigo, não tenha medo de erros. Erros não são pecados. Erros são formas de fazer algo de maneira diferente, talvez criativamente nova. Amigo, não fique aborrecido por seus erros. Alegre-se por eles. Você teve coragem de dar algo de si. Fritz Perls

Perfeição e Perfeccionismo como um estilo de vida

Desta maneira, não pensava em ser melhor do que ninguém! Na verdade, eu queria ser melhor do que eu mesma! Assim, numa idealização de perfeição e perfeccionismo eu queria, desesperadamente, algo que me elevasse da situação em que eu me encontrava! Em outras palavras, era como se estivesse num programa de melhoria contínua e pudesse ser como um gráfico que apenas se eleva.

Inclusive, encontrei várias formas de validar esta “necessidade” ou esta “crença”! Sendo assim, parecia que meu aprimoramento contínuo era uma ótima filosofia de vida! Desta maneira, o esporte, a religião e a vida acadêmica sempre foram formas que utilizei para alimentar isso.

No que diz respeito ao empenho, ao compromisso, ao esforço, à dedicação, não existe meio termo. Ou você faz uma coisa bem feita ou não faz. Ayrton Senna 

Assim, o exemplo do esporte sempre foi muito forte para mim, com ídolos como Ayrton Senna! Neste sentido, parecia que eles vivenciavam e validavam minha filosofia!

Determinação: importante para o sucesso

A partir disso, uma velha crença que sempre tive é a de que tudo estaria bem se eu estivesse me empenhando ao máximo. Neste ponto, vale ressaltar que isso significava sempre me dedicar quase ao limite de empenho, tal como os atletas e suas frases motivacionais:

Se você não procura perfeição, você nunca alcançará excelência. Don Shula

De fato, conquistei muitas coisas com esta filosofia! Para tanto, é importante saber se esforçar, correr atrás do que se quer. Ou seja, ter determinação e paciência para conquistar um título, um emprego ou qualquer outra coisa que sonhemos. Por isso, ainda acredito na determinação, força de vontade, disciplina e dedicação! No entanto, descobri que para isso não é preciso buscar perfeição e o perfeccionismo ao invés de aliado, pode ser um grande sabotador!

De forma interessante, minha espiritualidade, também me exigia um compromisso: evolução constante. Assim, sempre vi um caminho ascendente na escada da evolução espiritual. Inclusive, ainda tenho muitas dúvidas e angústias espirituais, mas a única certeza que sempre tive foi da razão de estarmos aqui: evolução. Neste ponto, sempre acreditei na necessidade de aprender, observar e me doar para as pessoas com amor e gentileza.

Aliás, vale destacar que minha vida acadêmica também foi muito beneficiada por este traço de minha personalidade, pois investi muita determinação em meus estudos! Com isso, eu sempre achava que poderia fazer melhor, estudar mais, aprender mais e que buscar a perfeição e o perfeccionismo era um caminho saudável. Afinal, isso resultava em boas notas, simpatia por parte dos professores e a confiança em minha capacidade de aprender e assimilar novos conhecimentos.

Reconhecendo limites, ampliando a visão para além da perfeição e perfeccionismo

Entretanto, quando a vida foi se complexificando no mercado de trabalho, nos relacionamentos… Especialmente, depois que me mudei para uma capital como São Paulo, esta ideia de perfeição e perfeccionismo como objetivo de vida foi sofrendo abalos. Isto porque, a perfeição exige um foco delimitado das coisas!

Então, quando você precisa desempenhar diferentes papéis, é preciso saber fazer o “suficiente” em cada um deles! Por outro lado, a perfeição e o perfeccionismo exigem a revisão obsessiva de cada detalhe minucioso. Desta forma, isso pode fazer você perder o foco do todo e o risco é não conseguir realizar quase nada.

Sendo assim, há muita controvérsia sobre a frase: “O ótimo é inimigo do bom!”. Esta frase já se tornou jargão no mercado de trabalho! Para muitos, significa que o “trabalho nas coxas” está instituído sem peso na consciência! Por outro lado, para pessoas que buscam a perfeição e o perfeccionismo como eu, significa que é melhor olhar para a floresta. Ou seja, é preciso olhar o todo ao invés de ficar concentrada na árvore, flores e frutos!

Nesta sociedade em que desempenhamos tantos papéis, é preciso desenvolver a habilidade de um equilibrista de circo para garantir um desempenho mediano em cada papel. Claro, não queremos ser funcionárias ruins, esposas ruins, mães ruins, filhas ou amigas ruins!! Ou pior ainda, mas bastante comum, ruins conosco! Então, como podemos equilibrar este tanto de papéis?

Com efeito, para aprofundar a reflexão sobre estas escolhas, vale a pena assistir ao filme Uma Segunda Chance. Neste sentido, Harrison Ford protagoniza o personagem que mudou radicalmente de vida após sofrer um assalto!

Já somos perfeitos e suficientes, o resto é aprendizado!

Por vezes, buscamos a perfeição com medo de que nosso melhor não seja suficiente! Mas o perfeito não existe! Ele apenas se torna uma ferramenta de autocobrança exagerada que bloqueia nossas capacidades. Veja bem, não estou defendendo uma postura relapsa ou desleixada com relação às coisas. Contudo, estou propondo uma postura de mais tranquilidade para lidar com os erros! Isto significa, aprender a olhar os erros como grandes amigos para traçar novos caminhos de aprendizagem!

O que está em vida é inacabado. Os mortos são completos. A ânsia por perfeição é, na verdade, na profundeza, uma ânsia pela morte. Para que fiquemos em vida, temos que respeitar o inacabado.
Bert Hellinger, em “A Fonte não precisa perguntar pelo Caminho” Bert Hellinger

Sendo assim, quando aprendemos a olhar nossos erros com carinho, também percebemos que eles fazem parte de nossa estrada! Inclusive, como seria chata nossa vida se não houvesse possibilidade de aprendermos com nossos erros, com os tropeços? Aliás, se tudo funcionasse de acordo com a perfeição idealizada, nada faria sentido nesta existência! Isto porque acredito profundamente que estamos aqui para desenvolver um grande aprendizado.

Desta forma, imagine se Einstein tivesse se cobrado perfeição e perfeccionismo! Provavelmente, não teria sido o gênio que foi, pois teria perdido a paciência com seus sucessivos erros:

“Eu tentei 99 vezes e falhei, mas na centésima tentativa eu consegui, nunca desista de seus objetivos mesmo que esses pareçam impossíveis, a próxima tentativa pode ser a vitoriosa”. Albert Einstein

Equilíbrio: requisito para ser mais feliz!

De fato, todas as grandes descobertas, invenções e belas obras foram fruto de momentos de inspiração. Certamente, vale a pena frisar que trabalhar e se dedicar é sim muito importante para o sucesso de muitas conquistas! Contudo, hoje eu acredito que, para desfrutar de uma vida equilibrada, é preciso procurar menos perfeição! Ou seja, mais aprendizado e menos nota 10! Na verdade, que tal tirar mais 6 em diferentes disciplinas? Leia também 2° Passo para ser feliz: EQUILIBRAR-SE!

Em suma, temos a oportunidade de vivenciar uma experiência tão rica! Então, para quê limitar nossas habilidades em uma determinada função, objetivo ou meta? Por isso, acredito que é preciso ampliar o olhar para enxergar que podemos muito mais do que sermos perfeitos!

Assim, podemos ser humanos em conexão profunda conosco, buscando sim uma evolução “constante”. Definitivamente, esta evolução passa por momentos de retrocesso, de caída, de medos, inseguranças. Todavia, se forem bem utilizados, refletirão um enorme fortalecimento interno! Leia também FORÇA INTERIOR: desenvolva a sua! Por onde começar primeiro?

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    Sobre Gisele Mendonça

    Cientista social e mestre em sociologia, com experiência na área educacional. Desenvolvi trabalhos em ambiente escolar, com crianças e adolescentes, trabalhei também na formação de gestores públicos, no formato presencial e em capacitações em Ambiente Virtual de aprendizagem, o que me inspirou a acreditar no potencial do Ensino à Distância! Atuo como curadora de conteúdos de autoconhecimento e autodesenvolvimento! Além disso, escrevo artigos para Bee Family: Um lugar para pais e mães inspiradores, que desejam educar seus filhos a partir do seu processo de autoeducação! 
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