Última atualização em setembro, 2020
De antemão, deixo claro que a expressão “sentir para curar” é algo que tem permeado o meu caminho nos últimos tempos! Inclusive, percebo que permitir-se sentir é um tema recorrente nos meus artigos. Isto porque, cada vez mais, tenho percebido como bloqueamos as nossas emoções mais primitivas e o quanto isso nos faz mal! Você já se sentiu com dificuldades de lidar com suas emoções? Às vezes, até mesmo chorar se torna algo travado, difícil e ficamos profundamente incomodados sem conseguir encontrar paz em nosso coração! Isto já aconteceu com você?
Infelizmente, fomos ensinados que era feio sentir medo, ódio, inveja… E, desta forma, fomos ensinados a ter vergonha de nossa condição humana. Afinal, o legal é ser forte, bonzinho, ou então, um vilão inteligente como aparece, muitas vezes, nas novelas e seduz a grande massa com sua perspicácia.
Fugir para não sentir: a maior armadilha
Nos últimos tempos, tenho refletido o quanto se tornou difícil acessar verdadeira e, profundamente, nossas emoções. Afinal, o que mais desenvolvemos foram técnicas de como fugir delas: comprar, comer, se exercitar, ficar na internet… Assim, nós estabelecemos um caminho que nos afasta do desconforto de nossas emoções e nos permite uma sensação temporária e viciante de prazer através das compulsões que anestesiam nossos sentidos Leia também: 2° Passo para ser feliz: EQUILIBRAR-SE!
Contudo, com a filosofia da medicina chinesa aprendi que temos 4 emoções básicas de onde derivam todas as outras! Estas emoções são: raiva, medo, alegria e tristeza, elas são comuns a todos nós como seres humanos! E, apesar disso, ainda é estranho imaginar a Madre Tereza de Calcutá com raiva ou mesmo Martir Luther King com medo.
Deste modo, percebo como vivemos sistematicamente negando nossas emoções e jogando-as para baixo do tapete! Com isso, temos a esperança que nossas emoções e, principalmente, o desconforto que elas trazem, desapareçam magicamente.
Então, nesta tentativa insana de negá-las e reprimí-las, as emoções se transformam em doenças, compulsões e toda sorte de lixo emocional tóxico de alta periculosidade. Infelizmente, estamos tão absorvidos neste processo que não conseguimos percebê-lo e muito menos interrompê-lo! Então, qual é a saída?
Um caminho: sentir para curar
Recentemente estou fazendo um curso sobre maternidade conhecido como Zum Zum de Mães e um dos módulos propõe que treinemos a expressão dessas emoções. Neste ponto, confesso que num primeiro momento me pareceu óbvio e plausível, mas como é difícil entrar em contato com elas. Aliás, por mais consciente que eu esteja deste processo de repressão emocional, tão comum em nossa cultura e sociedade, é um desafio desconstruí-lo!
Isto porque, e preciso entrar em contato profundo com a raiva, o medo, a alegria e a tristeza e, desta forma, sentir para curar! Com efeito, estou descobrindo que é como se fossemos um copo que vai acumulando e uma hora transborda. Então, a ideia é treinar o esvaziamento deste copo de modo consciente e sistemático para evitar a explosão das emoções! Ou seja, é algo que eu ainda estou buscando, porque a minha primeira reação é negar ou não me permitir sentir o que eu estou sentindo! Afinal, são décadas de condicioamento de repressão!
De certa forma, acho que as correntes espiritualistas também atrapalham esta conexão com nossas emoções! Isso porque, sentir raiva é pecado, sentir medo ou tristeza é sinal de fraqueza e por aí vai uma série de fantasias sobre como deveríamos ser ou sentir as coisas. Vale a pena ler: Como dissolver a culpa e MERECER a felicidade! Em síntese, ficamos perdendo um tempo precioso reprimindo e negando nossa natureza ao invés de olhar para ela e APRENDER com ela.
A criança: sentir e expressar
Deste modo, estou aprendendo que a criança sente e expressa sem que exista bloqueios! Da mesma forma como o tempo nubla e depois o sol ressurge radiante, a criança sente, expressa e novamente sorri como se nada tivesse acontecido! Eis o processo natural: sentir para curar, permitir-se expressar e dar vazão para que aquilo possa passar e abrir espaço para outros processos!
Porém, nós não estamos prontos para lidar com tamanha veracidade! Isto porque, criamos regras sociais, normas de comportamento e conduta que são tão artificiais que, por vezes, nem nós mesmos conseguimos segui-las. Assim, estamos acostumados com adultos que dizem não faça isso ou aquilo: o que os outros vão pensar! Ou pior, condicionam o amor e a aprovação ao comportamento da criança: Seja uma boa menina, coma tudo!
Desta forma, tendemos a limitar o quanto a criança pode ou não demonstrar o que sente. Vale a pena refletir mais a respeito das frases que ouvimos e das muitas que repetimos para nossos filhos Que frases da sua infância te impedem de ser a mãe que você quer ser?
Neste sentido, somos extremamente imaturos para lidar com a verdade que existe dentro de uma criança! Por isso, nós criamos tantos subterfúgios para lidar com nossas emoções que nos desconectamos profundamente delas! Mas as crianças podem facilmente nos ensinar este caminho de volta para nossa Essência, de sentir para curar!
Sentir: o caminho para nossa Essência
De fato, trazemos muitas crenças limitantes sobre amor e valor de tantas e tantas gerações passadas… Se não pararmos e olharmos conscientemente para o que sai automaticamente de nossas bocas, repetiremos padrões de comportamento que não queremos com nossos filhos.
Então, o desafio é a desconstrução de todos estes padrões e crenças que são nocivos e nos trouxeram onde estamos. Vale lembrar que nossos antepassados construíram muitas coisas importantes, que usufruímos com orgulho. Por outro lado, há outras que preferimos apagar da lembrança, manter em segredo como se este fosse capaz de suprimir dores, crimes e barbáries. Leia também Merecimento e Limpeza de Padrões Familiares: honrar para merecer!
Todavia, é preciso integrar as duas faces da moeda, é preciso lembrar o preço que pagamos pelo que temos, as consequências de nossas escolhas! Já falamos aqui sobre a importância de integrar os vários aspectos de nós mesmos e isso inclui todos os nossos ancestrais e nossa cultura!
O caminho para a integração
Certamente, trata-se de um assunto que ainda estou vivenciando e aprendendo intensamente. Mas, cada vez fica mais nítido que para integrar é preciso:
- a harmonização e integração do passado (não julgar e aceitar com amor!). Incluir em nosso coração tudo e todos, reconhecendo o valor e importância de sua trajetória para que pudéssemos chegar onde estamos!
- olhar profundo para o presente e o que sentimos. Deixar essas emoções, que ficaram por muito tempo trancafiadas, virem à tona. Acreditar que podemos expressá-las e curá-las para que possamos semear um futuro com mais possibilidades!
Conheço bem os desafios desta jornada, pois a estou trilhando. Mas confesso que cada vez vejo mais luz neste caminho de aceitação das sombras. Olhe para sua história com carinho, permita-se sentir e aprenda a expressar suas emoções de um modo saudável, consciente e com muito amor por si mesmo! Portanto, construa um espaço seguro para você sentir e expressar suas emoções, aprenda a validá-las e exercitar muito amor e compaixão consigo mesmo!
“Só aquilo que somos realmente tem o poder de nos curar”. Carl Jung
Gratidão pela leitura! Namastê! _/\_ Gostou do texto? Para receber novos posts preencha abaixo.