Luto com a perda de animais! Como escolho olhar para isso?

Última atualização em agosto, 2020

Você já perdeu alguém importante? Como lidou com isso? É algo superado ou que você decidiu trancar em algum lugar dentro de si para não precisar olhar novamente? Definitivamente, luto é uma palavra que por si só entristece meu coração! Afinal, tenho uma péssima relação com a morte e quem não tem? Isto porque, nunca aprendemos a perder quem amamos! Ao longo da vida, vivenciei bastante o luto da perda de animais. Foram inúmeros gatos, cachorros, pintinhos, coelhos e galinhas! Confesso que com cada perda, aprendi uma lição diferente!

vela acesa - luto com a perda de animais
Imagem de Andreas Lischka por Pixabay

Já na minha adolescência e vida adulta, as perdas mais dolorosas que tive foram de meus avós maternos, que eram muito próximos! Sem dúvida, foram episódios de muita dor e também de muito aprendizado! Mas a gente nunca aprende a perder, né! Vamos refletir um pouquinho sobre isso?

Minha relação com os animais

Inicialmente, preciso esclarecer que sou filha única e isso me aproximou dos animais de uma forma muito intensa e especial! Assim, tenho uma longa história com gatos, cachorros, coelhos, passarinhos (salvos de gatos caçadores). Deste histórico, talvez não seja exagero dizer que as perdas me marcaram quase tanto quanto a presença deles em minha vida!

Afinal, quantos gatos e cachorros eu resgatei, salvei da morte, cuidei, fiz reencontrar o dono… Quantos eu perdi e chorei, sofri, fiquei mal…

Recentemente, perdi duas gatas idosas em menos de dois meses de intervalo e ainda está doendo bastante! Minhas gatas: uma de 18 e a outra de 10 anos, acompanharam tantas emoções na minha vida! De fato, elas me deram tanto amor, atenção e me ensinaram tanto! Então, tive vontade de escrever este texto em homenagem a elas e para elaborar dentro de mim esta ausência!

A Mila: minha gata perspicaz!

Fotos da minha gata Mila, inclusive brincando com minha filha
Arquivo pessoal

De antemão, poderia descrever minha gata siamesa de 18 anos como inteligente e sensível! Realmente, ela me ensinou tanto sobre altivez, paciência, sabedoria… E, sua partida de uma forma tão estranha me mostrou como é importante celebrarmos cada pequeno momento!

Assim, ela tinha um jeito único de liderar todos na satisfação de suas necessidades! Inclusive, serei eternamente grata a ela pela paciência e carinho com que lidou com minha filha de 2 anos! Como os encontros eram visitas esporádicas na casa da Vovó, minha pequena ficava extremamente empolgada com a gata. De um jeito muito paciente a Mila se dispunha a brincar com minha filha, ela parecia entender muito mais do que a gente era capaz de captar! E era lindo observar este encontro!

Neste sentido, acho que sagacidade é uma ótima palavra para resumir as características da Mila! Tristemente, a casa de minha mãe ficou vazia sem a gata orquestrando a rotina e a dinâmica da casa! Isto porque ela parecia uma governanta, exigente, mas sabendo como conduzir as situações! Deste modo, seria impossível descrever e certamente haverá quem pense que sou louca, rs, mas quem conhece gatos poderá me dar algum crédito!

O aprendizado do luto com a perda de animais: a partida da Mila

De fato, a Mila era tão especial que não a vimos partir! De modo estranho, soube pela minha mãe que ela simplesmente desapareceu! Já tive essa experiência com outros gatos. Minha mãe mora em casa e, apesar dela já não pular o muro, inexplicavelmente ela sumiu! Isso parece que angustia ainda mais o coração da gente, dá medo, sensação de “e se…”

Mas eu fico pensando que ela viveu 18 anos, enquanto muitos gatos que tive morreram, inclusive envenenados! De algum modo, sinto que ela escolheu assim! Era muito altiva para simplesmente morrer! Preferiu se esconder, se recolher e assim desapareceu e virou estrela, como expliquei para minha filha! De fato, tristeza é pouco para descrever o que sinto, mas eis aí outra lição: a aceitação de que algumas coisas são como são e não como eu gostaria! Leia também Paz Interior: aceitação e leveza para fluir com a vida!

A Bela: tímida e reservada

minha gata Bela
Arquivo pessoal

Certamente, gatos são uma verdadeira loteria, rs! É preciso muita sensibilidade para “escolhê-los”, pois na verdade quem escolhe o dono é o gato! Geralmente, a maioria dos meus gatos sempre foram recolhidos da rua, me seguiram ou foram abandonados, propositalmente, na minha porta! E, com a Bela não foi diferente!

Numa tarde, o vizinho estava esbravejando e tocando-a da casa dele, dizendo que era uma ratazana e ela veio se esconder em casa! Com aquela carinha meiga foi ficando e se transformando numa linda gata, a gatona pesada, gorda e peluda! Inclusive, parecia uma gata persa! Ela tinha um jeito tímido, pouco miava, parecia até muda! Mas vez ou outra se jogava no chão e rolava pedindo um carinho!

Desta forma, com um jeito mais reservado, por vezes, perdia a paciência, porque o carinho não estava como ela desejava. Nestes momentos, balançava o rabo, simulava uma mordida que nunca acontecia, de fato, e saía irritada! Então, a nossa relação era assim, meio “entre tapas e beijos” no sentido figurado, mas cheia de respeito e muito amor!

A partida da Bela: é preciso dignidade para viver

Recentemente, minha mãe percebeu que ela estava “jururu”, triste sem comer… Então, ao fazer exames descobrimos que estava com insuficiência renal e, apesar dos nossos esforços, ela faleceu! Antes disso, fui para casa da minha mãe visitá-la e, apesar dela ser mais distante que a Mila em relação à minha filha, ela teve bastante paciência para lidar com minha pequena!

Neste ponto, vale um alerta para nunca permitir que crianças agridam qualquer animal! Assim, o que estou chamando de paciência foi, simplesmente, permitir que minha filha passasse a mão no pêlo dela e gritasse empolgada ao ver a gata!

Deste modo, quando a encontrei, percebi que ela já não era a gata grande e pesada de minhas lembranças. Neste momento, eu a encontrei bastante debilitada, magra, com anemia e com um olhar implorando Paz! Acho que a Bela nos trouxe a reflexão sobre amor e apego! Eu já tive um gato que sofreu muito com câncer de pele, insuficiência renal e eu tive que escolher a eutanásia! De fato, foi a decisão mais difícil que eu já tomei! Lembro como estava em pânico, com medo de que o mesmo se repetisse com a Bela. Mas isso não aconteceu!

Com efeito, fiquei triste, muito triste, porque em menos de 2 meses perdi 2 gatas que me acompanharam por tantos anos e às quais eu visitava com a frequência que conseguia. Afinal, hoje moro na capital e elas estavam no interior! Gostaria de ter desfrutado mais da companhia delas… Mas sei que o luto com a perda destes animais me trouxe importantes lições!

Luto com a perda de animais: elaboração da perda!

Antes de tudo, considero importante lembrar que o luto pode ser representado pela morte de alguém ou algo em nossa vida! Por isso, estou tratando aqui de luto pela perda de animais, que assim como outras perdas dói e deixa o vazio da perda, da ausência machucando nosso coração! Leia também Como superar a morte do animal de estimação? Especialista dá dicas

Logo, estou considerando como luto a perda de um emprego, um divórcio, uma mudança brusca de situação – como, inclusive, a maternidade traz – ou mesmo a mudança de cidade ou país..

Então, aprendi que precisamos elaborar nossos sentimentos! Isto quer dizer, nos permitir sentir e dar um jeito de acomodar esses sentimentos dentro da gente! Para colaborar com quem está passando pelo luto, vale a pena conhecer as fases deste processo segundo a psiquiatra Elisabeth Kübler-Ross: Negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. Ou seja, não se trata de estágios de um processo, mas estados mentais pelos quais podemos transitar diante do luto.

Atualmente, sinto que estou entre a depressão – quando me dá um vazio, uma sensação que nada faz sentido – e a fase da aceitação – quando sinto que é preciso aceitar. Ou seja, nesta fase penso que é preciso tocar em frente e olhar os muitos aprendizados que elas me deixaram! Novamente reflito sobre o apego X amor! Nunca me perguntei o quanto os anos deviam pesar para a Mila, o quanto ela poderia ter alguma dor que não demonstrava… Mesmo vendo que a Bela já estava muito debilitada, é triste demais lidar com a ausência dela. E pior, como explicar isso para uma criança de 2 anos que só entendeu que a gata estava dodói!

TUDO se transforma!

Claro, crença é algo particular e intransferível, porque precisa fazer sentido para a pessoa. É algo MUITO íntimo! Mas observando a natureza, vejo como tudo é perfeito e está integrado.

“Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Antoine Lavoisier

Por isso, fiquei refletindo como a folha vira adubo, como até o cocô do Lobo Guará espalha sementes pelo cerrado e faz surgir a vida novamente! Eu acredito em vida após a morte. Então, internalizei algo que sempre me confortou em minhas perdas: minhas gatas foram para outro lugar e estão melhores agora! Ensinei minha filha a olhar para o céu e mandar um beijo para a Mimi e a Bebé!

Embora não possamos vê-las, nem tocá-las, elas podem sentir o nosso carinho! Afinal, o poder do amor é algo inquestionável para mim! Com amor e gratidão encerro esta homenagem recomendando um vídeo do Wagner Borges para quem tem a sensibilidade de acreditar que nada acaba, tudo se transforma! Isto, para mim, é o que conforta a dor do luto Vida Após a Morte dos Animais | Viagem Espiritual – Wagner Borges

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    Sobre Gisele Mendonça

    Cientista social e mestre em sociologia, com experiência na área educacional. Desenvolvi trabalhos em ambiente escolar, com crianças e adolescentes, trabalhei também na formação de gestores públicos, no formato presencial e em capacitações em Ambiente Virtual de aprendizagem, o que me inspirou a acreditar no potencial do Ensino à Distância! Atuo como curadora de conteúdos de autoconhecimento e autodesenvolvimento! Além disso, escrevo artigos para Bee Family: Um lugar para pais e mães inspiradores, que desejam educar seus filhos a partir do seu processo de autoeducação! 
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