A lógica da abundância: Merecimento, Suficiência e Plenitude!

Última atualização em agosto, 2020

Primeiramente, preciso confessar que lógica da abundância é um conceito bastante recente para mim! Por isso, ainda estou flertanto com ele, buscando compreender mais profundamente como isso reverbera internamente!

Assim, você já parou para questionar um pouco a lógica da escassez, do medo e da falta que vivemos? Será que tudo é uma questão de falta e má distribuição ou nós mesmos retroalimentamos esta lógica em nossos comportamentos cotidianos sem nos darmos conta? Sob este prisma, esta é uma questão que tenho feito bastante internamente!

menina dançando ao ar livre - lógica da abundância
Imagem de Alexandr Ivanov por Pixabay

Não se pode encontrar a solução de um problema, usando a mesma consciência que criou o problema. É preciso elevar sua consciência. Albert Einstein

Lógica da Escassez

Neste momento, a ordem social vigente é a lógica da escassez, pautada no medo, competição e exclusão. E, ultrapassar esta lógica parece ser o grande desafio individual e coletivo que vejo necessário e urgente. Inclusive, para refletir mais a este respeito, vale a pena ler Escassez, abundância e Organizações Exponenciais: o desafio de empreender

Infelizmente, acredito que todos sentimos os efeitos de viver numa sociedade que cultua tão fortemente a escassez! Afinal, mais do que uma estratégia de marketing para vender produtos, estamos vivendo uma vida pautados nesta lógica da escassez! Ou seja, uma vida sustentada pela comparação, pela vergonha e, muitas vezes, reprimidos pelos sentimentos de inveja e inferioridade. Neste sentido, também recomendo o artigo Abundância ou Escassez?

Enfim, para transformar isso é necessário instituir uma nova lógica, baseada em uma nova perspectiva mental. Neste sentido, as palavras de ordem para mim são: merecimento, suficiência e plenitude. Ou seja, vejo que preciso trabalhar mais profunda e atentamente estes conceitos dentro de mim para acessar o que estou chamando aqui de lógica da abundância!

Assim, neste período de finalização de ciclos é importante refletir nossos desejos para 2019! Entretanto, proponho que esta reflexão seja alicerçada em bases conceituais diferenciadas! Para tanto, é preciso ressignificar crenças limitantes! De que forma? Certamente, vislumbrar crenças poderosas deve ser o primeiro passo!

Merecimento

Cabe ressaltar que este termo Merecimento já me provocou inúmeras emoções! Primeiramente, eu sentia revolta por acreditar que minhas dificuldades econômicas e pessoais fossem alguma falta de merecimento! Inclusive, preciso admitir que senti muita raiva de Deus e da vida por me sentir excluída, diferente e vitimizada!

No entanto, aos poucos fui percebendo que não estava sozinha! Inclusive, havia mais pessoas em situações muito piores! A partir disso, fui pensando que éramos uma classe que não gozava os privilégios de “merecimento” que pareciam gozar “os outros”.

Logo depois, com o passar do tempo, fui sentindo que eu precisava fazer algo a respeito! Talvez, com meu esforço, determinação e persistência eu pudesse vir a merecer também! Assim, lutei muito por meus objetivos e quando os conquistava me julgava “merecedora”. Por outro lado, quando fracassava eu pensava: “ainda não mereço!” Em resumo, na minha cabeça ficou instituída uma luta para merecer bem no estilo: “Deus ajuda, quem cedo madruga!” ou “Fazer por merecer!”

Revendo crenças

Nesta “busca por cenouras” –  leia Ter sucesso E ser bem- sucedida: como ser feliz no processo! – fui buscando MERECER e me desconectei de mim mesma! De súbito, percebi o quanto fui educada para “ser uma boa menina!” e não para ser feliz! Todavia, isso não aconteceu apenas comigo, na verdade, foram gerações educadas deste modo! E pior, isso continua sendo reproduzido culturalmente! Afinal, o que seria do Papai Noel se não fosse esta lógica?! 

Faço aqui um convite: que tal reavaliarmos velhos hábitos e conceitos para 2019? Assim, vamos desconstruir velhos dogmas que apenas reproduzem antigas crenças limitantes. Ou seja, que sustentam a lógica da avareza e dificultam, sequer, imaginar a lógica da abundância!

Aliás, para refletir um pouco sobre isso, vale indicar aqui o filme Amor por contrato, que nos convida a refletir sobre consumo e superficialidade nas relações. Neste filme notamos como velhas crenças de padrões de sucesso nos deixam apegados à coisas que não trazem a felicidade que imaginávamos!

Pensando “fora da caixa”

Para tanto, é necessário exercitar um olhar mais crítico para velhos padrões e dogmas e ampliar a visão sobre as coisas. De fato, um exemplo disso é o papai noel, aparentemente uma figura inocente. No entanto, observe esta figura com algum senso crítico, sob minha ótica ele traz consigo:

  • 1) Esvaziamento do real significado do Natal: o nascimento de Jesus;
  • 2) Estímulo ao consumismo, associando a data apenas à presentes;
  • 3) Estímulo à ideia de que é preciso ser “bonzinho” para merecer E ser amado! Ou seja, é preciso reprimir e esconder tudo o que sentimos, porque têm alguém nos avaliando e julgando o tempo inteiro! 

Certamente, este terceiro ponto é o mais devastador em nossa cultura! Isto porque, é castrador e fortalece o medo de sermos autênticos! Afinal, o que fazer com toda raiva e medo que sentimos?! Sem dúvida, é melhor jogar para debaixo do tapete para garantir o presente!

Portanto, há o estímulo ao medo e à culpa, caso não se atenda às expectativas externas de “bom comportamento”. Vale ressaltar ainda que não há presente que compense o medo, a culpa e a escassez que este cenário pré-natalino traz! Com isso, este mal estar emocional atravessa gerações e empobrece profundamente nossa sociedade!

Suficiência

De fato, estes conceitos de merecimento, suficiência e plenitude são reflexos da minha leitura do livro de Brené Brown A Coragem de ser imperfeito: Como aceitar a própria vulnerabilidade, vencer a vergonha e ousar ser quem você é. Neste livro aprendi muito sobre mim mesma e as crenças que limitaram minha vida! Dentre elas, pensar na escassez me fez ver a importância da suficiência!

A escassez, portanto, é o problema de nunca ser ou ter o bastante. Ela triunfa em uma sociedade onde todos estão hiperconscientes da falta. Tudo, de segurança e amor até dinheiro e recursos, passa por uma sensação de inadequação ou falta. Gastamos uma enormidade de tempo calculando quanto temos, não temos, queremos ou poderemos ter, e quanto todos os outros têm, precisam e querem ter. O que torna essa avaliação constante tão desoladora é que, quase sempre, comparamos nossa vida, nosso casamento, nossa família e nosso trabalho com a visão de perfeição inatingível propagada pela mídia, ou então comparamos nossa realidade com a visão ficcional de quanto alguém próximo de nós já conquistou. (p. 23)

Desta maneira, fica evidente que a suficiência é pré-condição para a felicidade, pois pressupõe satisfação pelas conquistas realizadas! Ou seja, ser feliz e grata pelo que temos e usufruir com sabedoria e inteligência cada recurso que dispomos! Assim, é preciso desconstruir a busca ambiciosa por mais e mais, o uso de tanto plástico, de tanto desperdício de comida, de roupas e objetos… É preciso buscar a suficiência no Aqui e Agora!

O que é Plenitude?

Certamente, plenitude é uma palavra que venho saboreando e definindo aos poucos em minha vida! O que é plenitude? De certo modo, acredito que seja conseguir vivenciar cada momento, respeitando seu tom, seu sabor e seu aprendizado! Por exemplo, eu adoro ficar contemplando um Lago no domingo de manhã com meu marido e minha filha! Neste espaço, eu me conecto para sentir e ouvir o vento, observo o Lago, como a água fica ao sabor do vento, escuto os pássaros, a cigarra… Nestes momentos, saboreio uma fruta e desfruto a paz e serenidade que aquele momento me traz!

Com este propósito, vale a pena assistir ao documentário: Minimalismo: um documentário sobre coisas importantes para se inspirar! Apenas quando soubermos valorizar realmente o que temos, seremos capazes de enxergar a lógica da abundância que rege a natureza das coisas.

Portanto, este é o aprendizado mais profundo agora: a Plenitude! Em outras palavras, ser capaz de me entregar ao momento, às pessoas com as quais estou convivendo! Desta forma, inspirar minha filha a vivenciar o presente com intensidade, retirando de cada segundo o que houver de mais precioso!

Assim, busco oferecer a ela o presente da minha presença; a importância da presença do pai! Diante disso, nós três vamos construindo em nossa família o significado da palavra Plenitude: presença, entrega, olho no olho, atenção, carinho, respeito, diálogo, aprendizados compartilhados…

Lógica da Abundância

Não é o que possuímos, mas o que gozamos, que constitui nossa abundância. Provérbio Árabe

Que 2019 nos traga mais consciência para exercitarmos a desconstrução de crenças e hábitos que nos engessam para o que queremos experimentar verdadeiramente! Sendo assim, desejo a todos um Natal e um Ano Novo cheio de Merecimento, Suficiência e Plenitude!

Por consequência, desejo que a lógica da abundância possa se manifestar na nossa vida de uma forma mais clara e contundente! Desta forma, vibro para que o valor das coisas tenha um profundo significado em nossa vida e seja capaz de transformar nossas experiências!

Por fim, nos próximos artigos irei abordar de maneira mais aprofundada cada uma destas categorias: merecimento, suficiência e plenitude. Assim, espero rever velhas crenças, refletir de modo aprofundado e trazer ferramentas para melhor trabalharmos estes conceitos em nossas vidas! Com efeito, acredito que já chega de avareza e medo, precisamos transmutar essas energias e começar a vibrar e construir uma sociedade baseada na lógica da abundância!

Gratidão pela leitura! Namastê! _/\_

Gostou do texto? Para receber novos posts preencha abaixo.

    Seu e-mail (obrigatório)


    Seu comentário é importante para nós!

    Comentário(s)

    Sobre Gisele Mendonça

    Cientista social e mestre em sociologia, com experiência na área educacional. Desenvolvi trabalhos em ambiente escolar, com crianças e adolescentes, trabalhei também na formação de gestores públicos, no formato presencial e em capacitações em Ambiente Virtual de aprendizagem, o que me inspirou a acreditar no potencial do Ensino à Distância! Atuo como curadora de conteúdos de autoconhecimento e autodesenvolvimento! Além disso, escrevo artigos para Bee Family: Um lugar para pais e mães inspiradores, que desejam educar seus filhos a partir do seu processo de autoeducação! 
    Adicionar a favoritos link permanente.

    Reflita conosco!