Última atualização em setembro, 2020
Ao longo deste novo desafio de vivenciar o conceito de suficiência notei que algo que atrapalha bastante é o sentimento de ansiedade! De forma geral é possível afirmar que a ansiedade bloqueia completamente o acesso à suficiência! E, o que mais vivemos nos tempos atuais é a ansiedade! Assim, ao tomar um certo distanciamento analítico para olhar para a suficiência, percebo que a ansiedade, por vezes, é um convite. Ou seja, ansiedade e suficiência são formas de caminhar pela vida. Qual você anda escolhendo?
Somos uma sociedade de pessoas com notória infelicidade: solidão, ansiedade, depressão, destruição, dependência; pessoas que ficam felizes quando matam o tempo que foi tão difícil conquistar. Erich Fromm
De modo visível, a ansiedade está presente em nossa vida sem ritmo certo, desrespeitando os ciclos da natureza. Claro, a ansiedade está presente na nossa fuga para as redes sociais ou mesmo para TVs, computadores, tablets ou celulares. E mais, a ansiedade está presente na forma como trabalhamos, nos alimentamos e vivemos. Sob esta lógica vivemos uma vida completamente pautada pela ansiedade! Portanto, se queremos experimentar a suficiência é preciso olhar a ansiedade de perto e observar seus desafios! Vamos refletir um pouco mais a respeito?
Viver no Presente: uma condição para suficiência!
Inicialmente, deixo um convite para reflexão: Você já experimentou viver no presente? Isto significa estar onde você está sem pensar em passado ou futuro! Ou seja, sem se deixar levar pelos pensamentos que sua mente traz? Desta forma, simplesmente manter seu corpo e sua mente presentes e concentrados no que quer que esteja acontecendo AGORA?
Confesso, este é um desafio para mim e acredito que para você também! Neste sentido, as crianças nos trazem inúmeras oportunidades de perceber como estamos vivendo fora de compasso e ritmo! Assim, ao dizer para minha filha de 3 anos que a vovó virá nos visitar, ela fica ansiosamente esperando o momento em que isso acontecerá! Ou então, quando digo que precisamos jantar para tomar banho e dormir, esta ideia processual não faz o menor sentido para ela!
Desta maneira, as crianças são grandes PRESENTES para serem curtidos no momento presente! De modo intenso, elas nos trazem este convite para aproveitar o momento e estar nele de corpo, alma e coração. Mas nossa mente vive querendo atrapalhar isso nos trazendo o que não é suficiente, o que pode estar errado, o que pode estar faltando… E, na maioria das vezes, o que está realmente faltando é a PRESENÇA! Leia também MOMENTO PRESENTE: é onde está o NOSSO PODER para mudar!
De modo interessante, por vezes me pego com receio de simplesmente relaxar no momento presente e desfrutá-lo, pois posso estar deixando de controlar algo importante! Eis aí a grande armadilha da ansiedade: a ilusão do controle!
Ansiedade X Suficiência
Ao meu ver, nossa mente transitar entre passado e futuro é uma estratégia para nos proteger dos desconfortos do presente! Quantas vezes você se pegou indo para o trabalho e contando os dias para o final de semana, feriado ou férias? Em quantos momentos você lembrou, nostalgicamente, do passado para se vitimizar de sua vida no momento presente?
De fato, não queremos sentir o momento presente! Isto porque, temos medo e fugimos para o passado ou para o futuro, nos anestesiamos com comida, trabalho, internet, religião ou sexo. Sendo assim, vale qualquer coisa que nos tire do contato com esta emoção “ruim” que sentimos: o vazio da falta de controle, da impotência de não saber o que poderá acontecer!
Na verdade, nós não aprendemos a sentir e temos pavor disso! Contudo, o caminho para a suficiência implica SENTIR o que precisa ser experimentado e permitir que passe. Assim, quando paramos de fugir e simplesmente nos permitimos olhar para o que mais nos amedronta, respirar e dar espaço interno, esta emoção se esvai. Eis o exercício que tenho me proposto: SENTIR, OBSERVAR E TESTEMUNHAR meus sentimentos de medo, de raiva, de tristeza e de alegria! Vale a pena assistir a animação Divertidamente para se lembrar que somos complexos e todas as nossas partes precisam ser INTEGRADAS!
Seja como for, ainda que a sociedade do consumo e da anestesia nos venda uma aparente vida de alegria e felicidade, é importante lembrar que as outras emoções fazem parte de uma vida saudável. Ou seja, não dá para ser feliz 100% do tempo! Portanto, é preciso passar pelos ciclos de altos e baixos, alegrias e tristezas, verões e invernos, primaveras e outonos!
Para sair da ansiedade: solte a necessidade de controle!
A morte não é a maior perda da vida. A maior perda da vida é o que morre dentro de nós enquanto vivemos. Norman Cousins
Sob este prisma, observando meu processo, me pego pensando que só consigo me sentir satisfeita quando as coisas acontecem do jeito que eu planejei ou desejei. Ou seja, quando sinto que as coisas estão sob controle!
Entretanto, percebo que isto é uma condição inexequível para a satisfação. Afinal, a vida é cheia de imprevistos e são eles que nos trazem inúmeros aprendizados. Inclusive, por vezes, nos trazem uma felicidade que jamais poderíamos ter imaginado. Leia também Suficiência: um novo desafio em busca do essencial e da satisfação!
Desta forma, venho percebendo como esta ideia de controle é limitadora da experiência de satisfação! Afinal, sempre que tentamos controlar demais as coisas, acabamos por perder o deleite da experiência, do momento e da suficiência! Isto porque, a suficiência não é composta de coisas grandes, barulhentas, mas de pequenos momentos!
Assim, ir a um restaurante com um vasto buffet era uma experiência angustiante para mim pela certeza de que não conseguiria provar tudo! E, quais os pensamentos que me rondavam: vou perder algo, talvez não consiga voltar aqui novamente…
Enfim, sempre o perigo da escassez rondando minha mente e me deixando ansiosa! Neste sentido, o meu treino têm sido pensar que sou capaz de escolher o que eu preciso e quero! Desta forma, seleciono o que eu quero experimentar e me entrego ao processo com liberdade, consciência e PRESENÇA! Refletiremos mais a respeito nos próximos artigos, mas deixo uma animação interessante para ir amadurecendo um pouco mais esta questão: O PARADOXO DA ESCOLHA | Barry Schwartz | Resumo Animado.
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